Khabane “Khaby” Lame trabalhava numa fábrica, em Itália, quando por conta da pandemia, se viu desempregado.
Entre buscas de emprego infrutíferas, o TikTok, onde criou clips de si mesmo a dançar, a ver videojogos ou a fazer acrobacias de comédia. E a história poderia terminar por aqui, mais um jovem “TikToker” sem particular sucesso.
Mas isso não seria grande história, pois não?
No início de 2021, Khaby Lame começou a criar vídeos onde, com um simples encolher de ombros, uma expressão entre o enfadado e o descrente, e sempre sem dizer uma palavra, gozava com vídeos de pessoas que faziam “life hacks” excessivamente complicados – coisas como abrir uma banana com uma faca e um intrincado ritual, ao qual Khaby respondia estendendo os braços com as palmas das mãos viradas para cima, como se dissesse “duh!”, e descascando a banana de seguida. Da forma tradicional, claro - uma ode ao bom senso, de certa forma.
Pois bem, estas reações silenciosas fizeram de Khaby Lame um dos mais reconhecíveis criadores digitais nas redes sociais, sendo atualmente o segundo criador com mais fãs no TikTok (131 milhões, e a apanhar a número um, Charli D’Amelio).
Antropologicamente, este sucesso pode-se provavelmente atribuir, em não pequena parte, ao facto de a comunicação não verbal poder transcender as barreiras linguísticas e fazer ligações entre culturas de forma mais fácil. Mas claro, como em todos os fenómenos do género, sorte e ter graça, ajudaram sobremaneira.
E porque um influencer digital é hoje um apetecível asset para qualquer marca, Khaby Lame estabeleceu recentemente uma parceria com a Hugo Boss para protagonizar uma campanha em torno do seu rebranding, sendo ainda o responsável por co-desenhar uma coleção da marca.
E tudo, sem dizer uma palavra. Um influencer único, cuja plataforma cresceu de forma orgânica, e que neste momento lidera um mercado (marketing de influência) que se prepara para, em 2022, valer qualquer coisa como 15 biliões de dólares - em 2019, estávamos a falar de 8 biliões.
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